O médio argentino leva apenas um golo marcado na prova e é somente o quarto jogador da liga com mais assistências (três). Mas tem sido o principal alquimista do Benfica, conseguindo muitas vezes transmutar exibições menores da sua equipa em vitórias meritórias e decisivas. Ninguém mais do que ele terá contribuído de forma tão decisiva para transformar o Benfica no líder e, até agora, na melhor equipa do campeonato. Para além do mais, Aimar satisfaz-nos totalmente do ponto de vista estético, o que também conta na hora de fazer as contas. E, independentemente do estiramento muscular que sofreu há dias, a verdade é que Aimar é hoje muito mais fiável do ponto vista físico do que era quando chegou de Espanha. Esta época tem sido capaz de participar em muitos jogos seguidos sem que o seu rendimento seja afectado e sem que se lesione.
Aimar é um daqueles que, num passe longo ou curto, ou, tão-só, num toque ligeiro consegue virar um jogo de pernas para o ar. Foi, de resto, o próprio Jorge Jesus a atribuir-lhe, em Outubro passado, um estatuto especial. “O Aimar é um génio, um jogador que os adeptos, não só do Benfica, adoram. O futebol é arte e ciência, mas, neste caso, o jogador transforma a ciência também em arte”, disse o técnico benfiquista, que desde aí não se tem cansado de elogiar o seu carácter e profissionalismo.
Jorge Jesus deve estar também a ser um aliado de Aimar na intrincada questão da renovação do contrato do El Mago com o Benfica. Assim pode ser entendida a oportunidade de um elogio recente: “Aimar é o meu treinador em campo”.
Contratado em 2008 ao Saragoça por seis milhões de euros, depois de ter sido convencido por Rui Costa de que a camisola número “dez” do Benfica lhe ficava a matar, Aimar tornou-se, compreensivelmente, num dos jogadores mais bem pagos do plantel, recebendo cerca de 150 mil euros por mês. Surgiram notícias de que o clube tentou que Aimar aceitasse baixar o ordenado para poder renovar. Devia ser a isso que Luís Filipe Vieira se estava a referir quando afirmou o seguinte, na entrevista que deu ao jornal A Bola no dia 2 de Janeiro: “É preciso que Aimar nos ajude a concretizar o nosso desejo de renovar com ele.” A posição do presidente do Benfica é absolutamente legítima, como normal é também que Aimar esteja a defender os seus interesses. Mas acabará por ser natural que o jogador mantenha um estatuto especial também no que se refere à folha de pagamentos. O que já fez nos 140 jogos de camisola ao peito justificam-no plenamente."
Bruno Prata, no jornal Público
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